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Que rumo para a Europa

  • Foto do escritor: Luis Manuel Silva
    Luis Manuel Silva
  • 12 de fev.
  • 4 min de leitura

Num mundo em transformação, a Europa enfrenta os ecos do seu passado e os desafios do presente. Com duas guerras devastadoras a abalarem as fundações da liberdade e justiça, o texto reflete sobre os caminhos percorridos, os erros repetidos e as incertezas do futuro. Um olhar crítico sobre as lideranças, as oportunidades perdidas e as consequências globais.


Soldado Solitário
Soldado Solitário


Com a eleição de Trump, a Europa foi surpreendida por um conjunto de manifestações de força que não deixam adivinhar nada de bom para o mundo. Para já, todos os recados dele apontam para mais uma desgraça que se tem perpetuado no tempo.

As guerras da Ucrânia vieram despertar a Europa para uma realidade longínqua, só possível de viver, nos livros e raras imagens da Segunda Guerra Mundial. Foram tempos difíceis para os nossos avós. Alguns tiveram a rara oportunidade de ouvir algum velhinho, familiar ou não, falar dos combates que sofreu ou dos efeitos universais da guerra. Portugal conseguiu passar ao lado dos horrores, mas viveu intensamente os efeitos e as misérias que se acumulavam às misérias passadas. Desde então, passaram-se os anos, a europa reconstruiu-se, os empregos não faltavam, algumas nações enriqueciam; Portugal fez a sua guerra, ficou sem homens, a emigração dos pobres pés descalços para França acelerava; sufocados por um estado que não sabia produzir riqueza, fomos obrigados a fazer uma revolução, entramos no clube das grandes nações europeias e tudo parecia correr bem. Nos últimos anos deixamos de ser um país de emigrantes pé descalço para sermos um país de emigrantes de luxo; formamos os nossos jovens com o nosso dinheiro, depois enviamo-los, não para França, mas para as Quatro Partidas do Mundo. Não há país que não queira os nossos jovens. Além do conhecimento, levam, também, o comportamento ordeiro e a mansidão do acatamento das ordens. Muitos evoluem e chegam a lugares de topo.

A Europa percorreu o caminho difícil da guerra e à medida que ia acomodando os seus, impava de contentamento porque nada lhe faltava. A euforia da riqueza, liberdade e democracia deu-nos a ilusão de que o que nos faltava podia ser obtido facilmente com serviços. Por troca dos serviços, desmantelamos as indústrias, cedemo-las aos chineses, compramos energia aos russos, pagamos a segurança à América. Estávamos descansados e tínhamos dinheiro para viajar. Pelo meio de tudo isto, alguma liderança europeia culta e humana, com ideias de liberdade, foi encanecendo e deu lugar a novas lideranças que só viam o presente. Esqueceram o passado dos avós e tinham dificuldade em ver o futuro a dez, vinte, trinta anos. A palavra de ordem passou a ser a satisfação das necessidades imediatas. Faziam navegação à vista.

A primeira eleição de Trump tinha deixado um aviso sério, não só para americanos, como para as nações. A defesa era um calcanhar de aquiles e a NATO estava em letargia. Trump avisara: se querem defesa têm de pagar. Trump perde as eleições e a NATO entra em coma profundo. A Europa estava anestesiada. E continuou até que Putin se lembrou de a ressuscitar. A Rússia não só invadiu a Ucrânia como deu a maior das prendas: acordou a Europa e ressuscitou a NATO. De repente, tínhamos uma guerra violenta e destrutiva às portas. Os esqueletos das construções das vilas e aldeias da Ucrânia eram iguais ao das cidades arrasadas da Alemanha e outras nações. Pouco depois, juntou-se a Guerra da Palestina. Enquanto a destruição da Europa foi feita à custa dos aliados e da Alemanha; a da Palestina, mais violenta que a da Ucrânia, foi apenas a continuação do que os israelitas fizeram na independência do território: violência, destruição e morte em ambos os casos.

Na invasão da Ucrânia, a Europa foi violenta na condenação aos russos; na destruição de Gaza e regiões periféricas, silenciou. O ataque do Hamas foi duramente condenado e deu liberdade a Israel para fazer o que fez. Não há desculpa para o Hamas, haverá desculpa para Israel? A Europa perdeu mais uma oportunidade para se afirmar como um espaço de liberdade e justiça.

Trump pode ser o que se queira que lhe chamem, mas não é burro. Bem pelo contrário. Vamos todos pagar pela ineficácia de uma Europa sem rumo. Temos duas guerras e não sabemos o que virá depois delas. Tanto a Rússia, como Israel, a coberto dos Estados Unidos, são duas nações imperialistas. Se eu fosse árabe, egípcio ou iraniano, não estava descansado; e o mesmo para quem for do Leste. Uma Europa incapaz entre os Estados Unidos, Rússia e China, venha o diabo e escolha.

Faz-me lembrar Gabriel o Pensador:

amor, ajoelhou?

Então vai ter que rezar!


Livros de Luis Manuel Silva
Livros de Luis Manuel Silva

A Europa, após décadas de inação e escolhas erradas, enfrenta agora as consequências. Com duas guerras em curso e potências imperialistas em ascensão, o futuro é incerto e perigoso, e a sua passividade pode ter um alto custo. Sou um escritor que, através de histórias ficcionais, explora questões e reflexões do nosso tempo. Se deseja embarcar nestas narrativas, clique aqui e descubra os meus livros na Amazon.





 
 
 

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