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AÇORES

  • Foto do escritor: Luis Manuel Silva
    Luis Manuel Silva
  • 11 de jun. de 2024
  • 2 min de leitura

Caldeira da Ilha do Corvo
Ilha do Corvo

Estas duas últimas semanas foram improdutivas. Ou talvez não.

Não sei se este meu bloguito sentiu saudades minhas. Eu senti.

Saí de Lisboa em finais de Maio e ainda regressei a tempo de votar. Nem era preciso regressar. Pela primeira vez foi possível votar em qualquer mesa de voto, andasse por onde andasse.

Cheguei, votei, e agora só espero que o meu voto tenha alguma utilidade. Nunca sabemos o uso que dão ao nosso voto: prometem-nos massa, dão-nos arroz; prometem-nos saúde, dão-nos dores de cabeça; prometem-nos abrigo, dão-nos tendas; prometem-nos tudo, tiram-nos o pouco que temos. A única coisa que peço é que ajudem os jovens a viverem a vida que têm.

 


Vista da Fajã do ponto de vigia da caça às baleias
Fajã Grande Ilha das Flores

Já tinha andado pelos Açores há uns anos: São Miguel e Terceira. Gostei. Gostei tanto que só esperava uma oportunidade para voltar. Desta vez fui com um grupo de amigos para desfrutar as ilhas das Flores, Corvo e São Jorge, as caminhadas pelas fajãs, a frescura do peixe e das lapas, o tempo incerto, mas agradável, e sempre com a mesma temperatura de conforto: nem frio nem calor.



Pequeno pasto de uma fajã
Gado produtor de Leite

Por toda a parte, as ilhas lembram-nos que andamos por cima de uma imensa e frágil caldeira, pronta a expelir os plasmas incandescentes fabricados no interior de um portentoso panelão. A fina camada de terra escassa, por cima da lava, enriquece a farta vegetação rasteira, os mosaicos arbustivos, alguma flora arbórea. Os pastos para vacas são limitados por muros de pedras empilhadas, retiradas à mão dos campos, uma a uma, ao longo dos séculos; ou por vegetação arbustiva secular, urzes, Laurissilva, hortênsias; ou ainda por rocha e pedra de lava que o fogo enegreceu, encarquilhou e rendilhou.



Resina de Dragoeiro, riqueza dos descobrimentos
Dragoeiro Gigante

 

Nestes frágeis campos de pasto rasteiro, várias raças de vacas, maioritariamente gado vermelho ou malhado de preto e branco, vagueiam livremente pelo verde suculento da erva. Com ela fabricam e armazenam, diariamente, no avantajado úbere, vinte e cinco a cinquenta litros de leite para fazer o queijo da ilha, largamente distribuído pelos locais, continente, Europa e américas.


A transparência das águas nas piscinas de lava
Piscinas naturais das ilhas

A vida dos primeiros colonos nos Açores, e até meados do Século XX, não era fácil, principalmente para os moradores das fajãs, pequenos povoados isolados. Longe ou perto uns dos outros, sem comunicação e defesa que lhes valesse, estavam sujeitos às investidas dos piratas. Condenados a viverem em espaços acanhados, sobreviviam com o que a terra dava e o mar trazia. A comunicação só era possível por barco, um ou outro caminho íngreme de pé posto para ligar as fajãs vizinhas.

Ainda hoje, apesar dos meios de ligação por terra, mar e ar, sente-se o peso da insularidade: se o barco chega, há alguma fartura; acabando-se os produtos, tem de se esperar por nova chegada do barco com novos produtos.

 


Por toda a Ilha abundam as cascatas de água
Cascata da Ribeira do Ferreiro Ilha das Flores

Os nossos políticos deviam passar um período de formação de dois anos nos Açores para aprenderem a servir e serem bons gestores da causa pública. Ali aprenderiam a dar valor ao essencial em vez de se distraírem com causas perdulárias empobrecedoras.







 
 
 

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