top of page
Buscar

A JUSTIÇA DO OLHO POR OLHO.

  • Foto do escritor: Luis Manuel Silva
    Luis Manuel Silva
  • 13 de mai. de 2024
  • 5 min de leitura

O Presente dos Palestianos
O Apocalipse

O Apocalipse em Gaza é bem pior do que este


A Entrevista.

Esta semana vi a entrevista de Fátima Ferreira a Joshua Ruah. O entrevistado é um ilustre cidadão do país e da comunidade judaica. Filho e neto de gente, igualmente, ilustre, teve a oportunidade de se relacionar com os maiores da cultura e política nacional e internacional. A sua vida na sociedade foi bastante activa e, por vezes, polémica. Judeu e português de coração, foi médico na guerra colonial, no cu de judas: um quadrilátero no Cazombo, em Angola, que se projetava por Zâmbia adentro, por isso mesmo, muito sacrificado durante a guerra.


Um Cidadão Ilustre.

Tenho seguido de perto o conflito entre judeus e israelitas e estava com curiosidade para conhecer o pensamento do entrevistado. Ao longo dos anos, fui lendo e ouvindo falar de Joshua, mas nunca acompanhei de perto as suas atividades políticas, sociais e religiosas. Sei que era tudo menos uma pessoa passiva e neutra. Como médico e presidente da comunidade judaica de Lisboa, conheceu e privou de perto com pessoas conhecidas de diferentes sensibilidades. Nesta entrevista, o que me interessava mais eram as perguntas de Fátima sobre a situação do Médio Oriente.

 

A Barbárie.

O conflito em Gaza começou com uma operação do HAMAS que resultou, em números redondos, na morte de 1200 pessoas e a captura de 200 reféns. Este ato é tanto mais dramático porque foi uma operação levada a cabo durante um concerto com pessoas de todas as idades. A barbaridade do acto não passou de puro terrorismo contra pessoas inocentes apanhadas de surpresa. Muito se falou sobre esta acção de terrorismo, consentido ou não, e não vale a pena perder tempo a desculpar o acto ou procurar os culpados governamentais que quiseram que acontecesse (a alta política também se esconde por trás das visibilidades dos actos). Mas vale a pena refletir um pouco sobre as causas do terrorismo, em geral.

 

Terrorismo.

Cresci a ouvir falar de terrorismo e quando chegou a altura também tive de o combater. Nesse tempo, os terroristas que combati também praticavam actos hediondos. Nós também. Para mim, fossem da UNITA, MPLA, FNLA, todos eram terroristas e fui ensinado e treinado para os combater. Joshua também. Poucos meses depois de nos cruzarmos, comecei a ter dúvidas sobre quem eram os terroristas. Quando estava a meio da comissão, e ainda antes de Abril, deixei de ter dúvidas. Eles, apesar das atrocidades que cometeram, e foram algumas, tinham a desculpa da luta pela terra de nascimento. Nós não tínhamos nada que validasse a defesa do território. Os terroristas de então são hoje os heróis de uma terra libertada. Entre o princípio e o fim da guerra colonial ficaram muitos traumas: os dos naturais, os dos “terroristas”, os nossos. Ficaram, também, as muitas mortes de combatentes, de ambos os lados, e as dos inocentes: mulheres e crianças.

 

O Príncipio.

Israel começou e nasceu com actos de vandalismo e terrorismo, até para com os próprios irmãos, na terra que nem era deles. Não se pode reivindicar direitos territoriais de uma terra que não é nossa. Dois mil anos de uma cultura e tradição religiosa de um povo que se dispersou não dão direito a um território. Se assim fosse, também os cristãos e muçulmanos teriam direito a uma parcela do território. Quanto mais não fosse, pela simples razão de que também são judeus dissidentes, entre muitos outros. Os nomes bíblicos são comuns às três religiões. Seja como for, um estado fundado com a força do terrorismo, numa terra que não lhe pertence, devia de ter mais cuidado, como intruso, em lidar com os naturais, muitos deles judeus, e que viviam de forma harmoniosa.

 

É Preciso Conhecer.

Quem quiser saber o que é a Palestina, como são as relações entre esses povos, basta consultar os relatórios da ONU: as condenações e os vetos, desde os tempos da fundação do Estado de Israel; ler três ou quatro livros preenchidos com factos, escritos por judeus, palestinianos ou pessoas neutras; deslocar-se à Palestina para ver como vivem uns e outros: de um lado a proteção, a abastança, a sujugação; do outro os muros e a segregação do tipo “apartheid”, uma invenção importada da África do Sul, aperfeiçoada em Israel.

 

Humanismo?

O Humanista, e não tenho dúvida de que é um humanista culto, acabou por confirmar aquilo que tenho lido, ouvido e visto ao longo destes meses de guerra: o problema da Palestina está na barbaridade dos palestinianos, não das condições sub-humanas a que estão sujeitos. E ninguém fala disto! Quem falar é antissemita como o secretário-geral da ONU.

 

E se for uma Cultura?

Tem razão Joshua quando diz que na prática os judeus são imperialistas. Para ele, e para todos os judeus, o 7 de outubro tem de ter uma resposta. Concordo. Perde a razão quando diz que a ponta de lança da defesa da civilização está no estado de Israel. Hoje, mais do que nunca, a defesa da civilização conduzida por Israel não passa de uma falácia. A ser verdade, destroi por completo a civilização. O argumento das guerras contínuas no século XX não pode ser a desculpa para responder à barbaridade com todos os anjos do apocalipse. A justiça do olho por olho ou dente por dente não é compatível com os livros bíblicos do Êxodo, Levítico e Deuteronómio. Os agravos sofridos pelas famílias das vítimas, levou Israel a ir muito além dos 1200 mortos. A Justiça de talião está a ser aplicada com mais de 35000 mortos e toda a Faixa de Gaza reduzida a escombros e poeira. Muitos mais morrerão de sede, fome, doenças, epidemias. Para mim, fica a dúvida: será justa a justiça aplicada, de acordo com os livros dos antigos hebraicos, ou será o início da fundação de mais um império no Médio Oriente? Mais uma vez, acho que o homem de ciência médica e cultura não tem razão quando diz que os judeus devem ensinar os filhos e netos a aguentar: — Nós é que temos razão. Mais grave ainda: se a razão for um traço cultural de tradição superior, extensivo a todo o mundo judaico, então compreende-se a caminhada fundacional imperialista até Gaza. Quem sabe, mais além? Se eu fosse jordano, sírio, líbio ou egípcio, não ficava descansado. As trombetas dos sete anjos ainda não pararam de soar desde a fundação do estado.


Ir até à Raiz.

Curiosamente, ou talvez não, na ordem do dia continua a estar a barbárie do HAMAS, não as raízes do problema. É proibido e pode ser punido com a ira de Yahweh. Até as grandes nações temem a Sua ira. Quem ousar cavar fundo é antissemita. Hitler, Estaline e Mao também lutaram pela razão cultural deles. O resultado foi que todos tiveram de aguentar com os Fornos Crematórios, o Holodomor, a Grande Fome.


O Exemplo da História.

Russos e chineses, saídos do feudalismo medieval, analfabetos e sem conhecimentos, não tinham literacia histórica para prevenir e defenderem-se. A Alemanha, sociedade filosófica e científica, inventora do socialismo e comunismo, pátria de filósofos e escritores, permitiu que Hitler fizesse câmaras de gás e fornos. Será que a sociedade de Israel vai permitir que os tanques, aviões e bombas façam a terraplanagem dos palestinianos? Ouvi dizer que o alcatrão extraído da carne e ossos é mais barato que o alcatrão dos produtos petrolíferos. Está ali à mão, não precisa de ser importado. Depois da fome e dos fornos, a nova indústria de terraplanagem é, ao que parece, as peles e os ossos dos palestinianos. Extremo Oriente, cuida-te! Tens uma lança apontada ao coração para defender a Civilização Ocidental.








 
 
 

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating

© 2025 todos os direitos reservados a Luis Manuel Silva

bottom of page